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Sobre Lula e Bolsonaro, crimes e castigos e os apoiadores que chamam tudo de golpe

por Wanderley Filho - 22/02/2025 às 08:24

➡️ Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Jangadeiro.

“Quem se afoga, agarra-se mesmo a uma palha”, disse Dostoiévski em Crime e Castigo. Isso me veio à mente quando li que Jair Bolsonaro, ao comentar as denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta semana, com sua habitual sofisticação, mandou ver: “o tempo todo é ‘vamos prender o Bolsonaro’. Caguei para a prisão”. O argumento me pareceu o tal “jus esperneandi”.

O fato é que, sem entrar no mérito das acusações (toda hora tem juristas dizendo que as provas são robustas ou que são frágeis), a prisão está ali, acenando para o ex-presidente. É curioso ver como a história de Lula na Presidência guarda semelhanças com a de Bolsonaro.

O sujeito, depois de ser o maioral, é acusado de chefiar esquemas criminosos. Na sequência, esperneia, fica inelegível, mas diz que é candidato, lidera pesquisas, depois arruma um poste para a eleição, e no final acaba preso. Quer dizer, mais ou menos. Lula foi solto, e Bolsonaro ainda será julgado, mas a impressão é que o cerco está se fechando.

Os dois populistas se parecem até quando encenam teatros de indignação. Seus apoiadores também se assemelham, por mais que isso lhes pareça absurdo. Diante de evidências, chamam tudo de golpe e garantem que o ídolo combate os poderosos, é super honesto e preocupadíssimo com o povo. É claro que, no caso de aliados eleitos, o alinhamento é uma questão de sobrevivência, para garantir a polarização e os votos do seu curral ideológico.

Mas calma lá que existe uma esperança para Bolsonaro. Se seu grupo vencer a eleição presidencial, nada impede que tudo seja varrido para debaixo do tapete. Por que não? O Antônio Palocci, ex-ministro de Lula, corrupto confesso, teve seus processos anulados por Dias Toffoli.

Portanto, nada de desespero, pois sempre tem um jeitinho para livrar alguns privilegiados das consequências dos seus atos. Por aqui, o romance magistral de Dostoiévski, que fala sobre delitos, arrependimento e expiação, se chamaria “Crime sem Castigo”.

▪️ Wanderley Filho é colunista de política da Jangadeiro BandNews FM 101.7.

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