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Ser mãe atípica é lidar com um turbilhão de emoções e, às vezes, perder um bocado de sanidade

por Isabela Martin - 09/06/2024 às 17:23

A mutação genética não define minhas filhas, Joana e Juliana. São parte delas como um traço identitário, assim como seus olhares expressivos, a inteligência para o humor irônico, o pensamento ágil, o baixo limiar à frustração, a alegria contagiante e incontida.

É possível que, se pudéssemos mudar algo em nós, assim o faríamos. É um traço de sabedoria e autoaceitação administrarmos quem somos.

“Mesmo ter nascido com hipotonia e minhas outras coisas, eu não mudaria nadinha de nada. Eu sou feliz do meu jeitinho. Se eu nasci assim, era para ser assim. Se Deus me criou assim, com minhas qualidades e meus defeitos… Ninguém é perfeito cem porcento”, essa é a resposta da Joana quando perguntei se mudaria algo nela, se pudesse.

Amanhã, 10 de junho, é o aniversário delas. “Vou completar 18 anos de muita luta e de muita vitória. Eu não trocaria de vida, não, porque não teria lutado tanto para trocar agora… Já sou bem feliz. Amém”, respondeu Juliana à mesma indagação.

Se lidar com frustrações e problemas fosse simples, não existiria um tanto de loucura em cada um. Há dias em que ideias depreciativas subjugam a autoestima. Reconhecer as limitações faz parte do processo de amadurecimento delas.

Nunca escondi das meninas o fato, e sempre pontuo as conquistas e o potencial que já provaram ter. Assim, entre fases mais fluidas e outras turvas, engatinhamos rumo a essa maioridade a ser desbravada.

Como lidar com o turbilhão de emoções, sensações tão intensas por tanto tempo? Algumas vezes as coisas saem do controle. Muitas vezes perco um bocado da sanidade e me arrependo na mesma medida em que me culpo. Sofro pelos meus erros, mas não posso me crucificar por eles, porque não sobraria nada de mim para acompanhar o resto dessa história.

Vamos nos adaptando à realidade e seguindo na trilha evolutiva – eu com minha pressa e elas no tempo delas. Não há maratona sem dor e cansaço, sem foco e persistência. Joana e Juliana são a síntese do que faz a tartaruga vencer a lebre.

▫️Isabela Martin, mãe da Joana e da Juliana, é diretora de Jornalismo e Esportes da Jangadeiro.

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