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Querido tempo, se a sina for esperar, seja generoso e reconheça nossos esforços

por Isabela Martin - 23/06/2024 às 12:13

Por Isabela Martin

📩 Se o tempo fosse uma pessoa, escreveria-lhe essa carta:

Querido Tempo, como você tem passado? Espero que não tão rápido quanto eu o sinto, nem tão imprevisível quanto o futuro.

Mais do que ninguém, você sabe que não temos controle sobre o que vai resultar da sua passagem pelas nossas vidas. Mas queria te pedir que, quando olhar para trás, reste somente o cansaço de tudo que vivemos, com o alívio de termos superado dolorosos mal-estares provocados por palavras descuidadas e por pessoas que desconhecem a empatia e, também, a força que a educação, a autocobrança, o afeto e um monte de outras coisas podem transformar histórias.

Você, Tempo, é o senhor da razão. Hoje, não é mais o desespero de 10 anos atrás o que sinto quando ouço, como eco, o diagnóstico daquela mulher com base numa avaliação psicopedagógica de uma das minhas filhas. “Ela não vai aprender Matemática, no máximo vai saber passar troco”. Troquei de feição. Daí para frente, não tenho certeza se o que eu trago em mente foi dito por ela ou se eu criei a partir daquela sentença: “Ela poderá trabalhar num banco. (Como caixa!?)”.

Meu rosto era um dilúvio. Era o pavor de que ela estivesse ou esteja certa. Como saber? Apenas o tempo diria. Somente o tempo dirá. Caro Tempo, não há muito descobrimos que a mutação genética em Juliana e Joana provoca, entre outras consequências, déficit cognitivo. Isso explicou muito, embora não resuma tudo.

Elas seguem a vida sem tabuadas ou equações. E zombam. “Como A + B é igual a C?”, ri-se Juliana. É… A vida não é exata mesmo. É sobre multiplicar possibilidades e dividir aprendizados, somar esforços e subtrair tudo de negativo que nos afaste do nosso potencial.

Querido Tempo, quero lembrar-lhe de que um segundo faz toda diferença na sua existência. Na vida das minhas filhas, você tem outro compasso. Não importa se minha sina é esperar, desde que a colheita recompense. Continue sendo generoso, reconhecendo nossos esforços. É o meu sincero desejo para hoje e sempre.

Com esperança,
Isabela Martin.

▫️Isabela Martin, mãe da Joana e da Juliana, é diretora de Jornalismo e Esportes da Jangadeiro.

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