Por Wanderley Filho

➡️ Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Jangadeiro.

A polêmica da semana na política cearense é a greve dos professores da UECE. Greve em universidade pública é uma espécie de tradição brasileira, seja federal ou estadual. Aliás, as federais também estão em greve. Como dizem, mola que não geme, não ganha óleo.

Não entro aqui no mérito da paralisação. Os professores pedem valorização da categoria e melhorias na estrutura física da universidade. É uma pauta historicamente ligada aos partidos de esquerda, junto com o direito à greve; mas, mesmo assim, o governador Elmano de Freitas veio a público dizer que considera a greve injusta e prejudicial aos alunos, que – de acordo com o governador – vivem com renda média de R$ 1.400, dez vezes menos que a média salarial dos docentes, repito, segundo Elmano.

Naturalmente, a reação foi de indignação, protestos nas redes sociais, notas de entidades sindicais e críticas de opositores. Tudo isso parece filme repetido. A oposição sempre considera greves de servidores públicos justas, com manifestações de solidariedade e promessas de mudanças (o PT, na oposição, dizia que tudo dependia somente de vontade política). Já os governos tendem a repelir os movimentos grevistas, classificando-os de inoportunos, egoístas ou até de eleitoreiros.

Resumindo, greve só é justa quando acontece no governo dos outros. Nas universidades, como não afetam de imediato o dia a dia da maioria da população, as negociações costumam demorar.

A única chance é coincidirem com períodos eleitorais, pressionando gestões com problemas de aprovação. Nesses casos pode ser que saia algum acordo, mas é bom ter cautela, lembrando a lição do Barão de Itararé: “De onde menos se espera, daí é que não sai nada”.

▫️Wanderley Filho é colunista de política da Jangadeiro BandNews FM 101.7