Por Wanderley Filho

Os antigos romanos diziam que, nas batalhas, é preciso dividir para conquistar. Dividir os inimigos, é claro. Lógica invertida nestas eleições para a Prefeitura de Fortaleza, onde direita e esquerda optaram por dividir suas próprias forças.

A direita separou seu bloco em três pré-candidaturas para o 1º turno: Capitão Wagner (União Brasil), André Fernandes (PL) e Eduardo Girão (Novo). Uma das razões para isso é Jair Bolsonaro, que sem candidato próprio na última campanha municipal, surpreendeu ao anunciar (em live, sem combinar com ninguém) apoio a Wagner, que depois disso acabou derrotado.

Agora o ex-presidente tem um candidato assumidamente bolsonarista para chamar de seu: André Fernandes. Wagner, assim, está livre de constrangimentos para buscar aqueles eleitores moderados que não simpatizam com o bolsonarismo, mas que também rejeitam o petismo e o projeto hegemônico de Camilo Santana no Ceará. Tanto é assim que em entrevista à rádio Jangadeiro Bandnews 101.7, Wagner disparou: “Não quero ser candidato nem de Lula nem de Bolsonaro”.

Correndo por fora vem Eduardo Girão, do Novo, partido que procura ser uma direita com mais conteúdo ideológico, mas que na prática se transformou em satélite do bolsonarismo.

Do outro lado, pela esquerda, PT e PDT romperam e vivem disputas internas ruidosas, com pesadas trocas de acusações entre ex-aliados e até entre aliados, no caso petista, após Camilo fazer pré-candidato a prefeito um recém-filiado, Evandro Leitão, derrotando a ex-prefeita Luizianne Lins.

Pode ser uma rara chance para a oposição, mas a dúvida é saber se a fragmentação da direita, com candidatos lutando pela mesma parcela do eleitorado, cometendo uma espécie de canibalismo eleitoral, não acaba favorecendo, no final, uma esquerda fragilizada por causa de suas próprias brigas.

Se a união faz a força, como ensina o ditado, em Fortaleza a desunião desfaz a lógica.

▫️Wanderley Filho é colunista de política da Jangadeiro BandNews FM 101.7