Por Wanderley Filho

➡️ Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Jangadeiro.

A opção pela estratégia do “bateu, levou” é coisa antiga na política. A ideia é não deixar acusação sem resposta, com um contra-ataque agressivo. Quando a prática envolve quem está no poder, o mais comum é que essas respostas sejam terceirizadas a um aliado, para preservar a imagem do líder, que não se rebaixa a intrigas, especialmente em períodos eleitorais.

Por isso, é de se estranhar a frequência com que o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), pré-candidato à reeleição, tem rebatido pessoalmente, nas redes sociais e em entrevistas, os seus principais concorrentes, Capitão Wagner (UB) e Evandro Leitão (PT). A iniciativa, pela distância da campanha, é inusitada, e à luz da lógica, contraproducente.

Vejamos: com as discussões, o prefeito ajuda Wagner a comentar temas de interesse da oposição, e de outro lado, contribui para dar visibilidade a Leitão, que ainda é desconhecido de grande parte do eleitorado. Ao antecipar o enfrentamento direto, o prefeito ainda corre o risco de parecer que não tem aliados dispostos a defender sua gestão. Ou então, de reforçar especulações sobre a sua própria disposição de concorrer ao cargo, agindo assim para poupar a imagem de um outro candidato governista.

Candidatos à reeleição costumam dizer, como o próprio Sarto fazia até um dia desses, que estão mais preocupados com a gestão, com os problemas da população e com a conclusão das obras em andamento, por aí vai. É que a primeira disputa numa campanha é pela imposição de uma agenda aos adversários. Quem define o assunto a ser debatido, larga na frente.

O “bateu, levou” pode até animar os aliados mais próximos, a bolha que cerca o candidato, mas é atitude meramente reativa, e não propositiva. O imperador Marco Aurélio, nas suas Meditações (livro XII, tópico 17), já ensinava que “se não convém, não faças”, mas “que a iniciativa seja tua”.

▫️Wanderley Filho é colunista de política da Jangadeiro BandNews FM 101.7