As pessoas não falam sobre a morte tanto quanto deveriam, eu me incluo. O luto é o tempo que você dá para aprender a lidar com a perda de quem ama. Mas quanto tempo leva para assimilar? 1 mês, 1 ano? Faltam palavras. Sobram lágrimas, orações e fé.
Um-Dia-De-Cada-Vez.
Pau-sa-da-men-te.
Essas são as frases de conforto que digo para a minha mãe desde que meu padrasto, com quem convivi por mais de 30 anos, partiu ao encontro com Deus. De repente me vi enlutada, logo no mês em que eu e a equipe do Jornal Jangadeiro organizávamos as entrevistas para esse especial sobre luto.
Eu viveria exatamente o que tanto iria ler, ouvir e editar. Sem saber, cada pessoa entrevistada trazia palavras que consolavam a minha dor. Ver esse sentimento compartilhado é sentir-se pertencente a um mundo às vezes estarrecedor, às vezes aconchegante. Às vezes até os dois mundos ao mesmo tempo.
O que quero dizer é que a morte, para nós - vivos - é algo novo. Ninguém está imune nem a ela nem à dor que ela deixa em quem aqui neste plano permanece. E não há nada mais antigo do que a morte. Como ela se mantém uma novidade para cada um de nós?
O que conforta é saber (e sentir) que o luto é um processo. É preciso ressignificar a vida, aceitar a perda e rearranjar as estruturas dentro da ideia de que, a partir dali, o que existia não volta. Talvez em sonhos, como os mais belos. Na vida real, novas bases precisam ser construídas.
Nessa reportagem, cada linha vem repleta de lágrimas, de dor, mas também de superação e respeito pelo sentimento dos personagens aqui retratados. Eles aceitaram abrir o coração. Mostraram-se frágeis diante das provações que a vida impõe, e verdadeiras muralhas por enfrentar uma dor que chega até a ser física.
São pessoas como nós. Perderam filhos, maridos, pais, amigos... E conseguiram se redescobrir por meio do amor. Enxergaram a bondade da vida em cada passo. A verdade é que a morte nunca deixará de ser novidade. Belchior já rabiscava... A gente ama o passado e não vê que o novo sempre vem.
Um-Dia-De-Cada-Vez.
Quase todos os dias, Isabel revê os álbuns de fotografia da família. Procura, principalmente, pelas fotos do filho mais novo, Lucas. Ela lembra de cada detalhe: a festinha de aniversário com o tema de circo, o batizado e a formatura no Ensino Médio. Sabe a ordem de todas as imagens. O hábito começou em 2019, após o jovem morrer por suicídio, aos 25 anos.
O maior medo é, com o tempo, esquecer o rosto do caçula. "Faço isso porque sinto saudade. Antes, o meu marido e a minha filha reclamavam, mas agora já entenderam que essa é a minha forma de lidar com a dor".
"Meu filho sempre foi calado, mas muito carinhoso. Quando era pequeno, deitava a cabeça no meu colo e pedia para que eu fizesse cafuné nele. Seu cabelo era tão liso e macio. Em troca, ele fazia massagem nos meus pés. Às vezes, Lucas inventava uma desculpa para não fazer, e eu fingia que ficava triste; mas, na realidade, não me importava, pois era um prazer mimar o meu menino. Ele foi crescendo e essa troca de carinho foi diminuindo".
Isabel se recorda da última vez em que fez cafuné no filho, poucos dias antes de ele viajar de Fortaleza com destino à cidade onde morreu por suicídio. Foi em uma casa de veraneio, no interior do Ceará, onde a família costumava passar férias. Lucas viajou e nunca mais voltou.
Desde então, o lar, que antes abrigou tantos momentos felizes, permanece fechado. A família ainda não encontrou forças para enfrentar as lembranças confusas e conflitantes.
A culpa insiste em conviver com Isabel desde a morte do filho. "Nunca fiz nada de ruim para ele. Eu penso que o meu filho sofreu e eu não o ajudei. Às vezes, me sinto uma péssima mãe. Ele gostava de ficar sozinho no quarto dele, de se isolar. Ele se trancava e ficava jogando videogame. Confesso que eu não achava ruim. Meu marido insistia para que Lucas saísse, mas eu gostava que ele ficasse em casa. Sabia que ele estava seguro. Meu filho tinha poucos amigos, namorou poucas vezes. Mas eu não o via chorando ou triste. Como eu iria imaginar? Reconheço que, se eu tivesse identificado o isolamento como um sinal psicológico, talvez pudesse ter ajudado ele a procurar ajuda. Não sei se o Lucas tinha depressão ou se ficar sozinho era um traço de sua personalidade. Ele não deixou uma carta explicando".
A mãe procura respostas. O marido e a filha discordam que isso amenizaria a dor. Segundo os profissionais da saúde, o fim registrado em palavras de adeus é mais comum em representações fictícias do que na vida real.
O sentimento de remorso é recorrente entre aqueles que vivem o luto provocado por suicídio. “Há uma culpa e, em alguns casos, raiva em relação à pessoa que morreu. Aparecem vários 'ses': 'se eu tivesse chegado a tempo, se tivesse percebido aquele ponto, se tivesse entendido aquela frase que ele me falou'. Essa é a sensação: por que eu não impedi? As pessoas que estão enlutadas se sentem abandonadas. O que prevalece é a sensação de rejeição, de que fui rejeitado por aquela pessoa porque ela decidiu morrer por suicídio. A morte por suicídio dá aquela falsa sensação de que eu poderia ter controlado, diferente da morte por problemas de saúde ou acidente de trânsito, por exemplo. E eu deixo claro que não há culpa, não há rejeição”, explica a psicóloga e suicidologista Ana Patrícia Aragão.
Isabel ensinou muitas crianças a somar e multiplicar, mas, apesar de trabalhar com números, ainda não aprendeu a dividir os pesos da ausência e da saudade. Para ela, os primeiros dias do luto foram os mais difíceis. Teve que esconder a própria dor para dar forças aos sobreviventes do suicídio. "Eu já tinha perdido meus pais, mas nenhuma dor foi tão forte quanto perder o meu menino. Eu queria ser forte para o meu marido e para a minha filha, e evitava chorar na frente deles”.
“De madrugada, eu ia ao quarto do Lucas, cheirava as roupas dele e deitava na cama dele. Sentia a presença. Não me lembro de muita coisa que aconteceu nos primeiros meses; minha mente apagou esse sofrimento. Só lembro dessas cenas e que vivia doente e estressada. Eu sentia um aperto tão grande no peito e um nó na garganta".
Cada membro da família reagiu de uma maneira diferente. O pai enfrentou a dor se desfazendo dos pertences do filho, enquanto a irmã, além de aceitar intervenção profissional, buscou se descobrir através de viagens internacionais.
Aos poucos, Isabel retoma alguns hábitos que o luto lhe havia tirado. Era muito vaidosa, mas - no primeiro ano após a morte do filho - não tinha ânimo para praticar o autocuidado que outrora considerava indispensável.
"Deixei o cabelo branco crescer e não ia à manicure, coisa que eu fazia toda semana. Algumas pessoas comentavam que eu estava desleixada, que meu marido ia me trocar por outra. Mas como eu iria me arrumar se meu filho estava morto? Não achava certo. Eu estava me arrumando para quê? Para quem? Eu tinha um vazio que não seria preenchido por isso. Não achava justo. Mas a minha filha me lembrou que o Lucas sempre me elogiava quando eu me arrumava. Ele amava quando eu me produzia e dizia: 'você é uma gata, mãe.' Hoje, faço por mim e por ele também".
"Todos os dias eu sinto saudade dele. Quando vou arrumar o quarto dele, quando como a comida favorita dele, quando passo em frente ao colégio onde ele estudou, quando ouço falar de um novo videogame. Me pergunto se ele estaria casado, se teria filhos, ou se finalmente teria encontrado um curso que gostasse. Eu sempre vou sentir saudade dele".
- Isabel, mãe de Lucas -
Isabel encontra formas de mantê-lo vivo, mesmo que apenas nas lembranças. "Aqui em casa, ninguém nunca gostou de doces, mas ele amava. Eu fazia só para agradá-lo. Às vezes, cozinho um bolo de chocolate só porque sei que ele gostava", diz com ternura.
A psicóloga Ana Patrícia destaca que esse comportamento é saudável, ao contrário da crença popular. Ela recomenda que as pessoas enlutadas se envolvam em atividades que o ente querido costumava gostar.
"Quando alguém morre, não o faça ser esquecido, porque ele nunca será esquecido. Sempre que possível, reúna-se com outras pessoas que o amavam para falar sobre a vida dele, a forma como impactou suas vidas e o que as ensinou. Tome o cappuccino que a pessoa gostava, coma o bolo de chocolate que ela apreciava. Fale sobre ela. Sempre que houver alguém enlutado precisando ser ouvido, escute, pois faz parte do processo do luto".
A mãe renasce a partir do amor que sente e recebe da filha e do marido. "Eu estou em pé porque tenho um marido que precisa de mim e uma filha para cuidar. Eles são minha força, meu tudo. Estou viva por eles. Eles me ajudam a enfrentar. Todos os dias, meu marido diz que me ama. Minha filha sempre me dá palavras de apoio, me beija e me abraça. Agora, nós três somos mais unidos".
Assim, eles se reconstroem dia a dia, em meio às memórias afetivas que guardam do caçula, seja no folhear das páginas nos álbuns ou nas lembranças do amor que Lucas demonstrava por cada um. A vida continua.
De acordo com a psicológa,
até 100 pessoaspodem ser impactadas pelo suicídio de alguém, seja na família, escola, trabalho ou sociedade em geral.
“Há uma cadeia de impacto muito grande. Aquelas mais próximas são direcionadas a ter um adoecimento psíquico porque começam a achar que, naquele processo de dor, o suicídio também seja uma solução”.
É nesse contexto que surge a posvenção - termo que se refere aos cuidados com pessoas enlutadas pelo suicídio. O objetivo é prestar apoio e quebrar o tabu em falar sobre o tema.
“A melhor forma de fazer isso é criar grupos de enlutados por suicídio, porque são pessoas com dores parecidas. As pessoas compreendem o sentimento de culpa e o impacto emocional que aquela morte causou. As pessoas vão se reestruturando juntas”, destaca.
O suicídio é classificado como uma questão de saúde pública global pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A cada ano, cerca de 700 mil pessoas tiram a própria vida, de acordo com dados da OMS.
Em 2022, o Brasil registrou 16.230 mortes por suicídio, e em 2023, notificou 16.025 casos. No Ceará, somando os dois anos, foram identificadas 1.484 mortes por suicídios, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Ou seja, a cada 12 horas, uma pessoa tira a própria vida no estado.
Os dados evidenciam a necessidade de políticas públicas e ações sociais de prevenção ao suicídio.
Diante dessa realidade, o Ministério Público do Ceará (MPCE) lançou, em 2018, o projeto "Vidas Preservadas". A iniciativa se transformou, no ano seguinte, em um programa permanente de saúde mental, batizado como "Vidas Preservadas: o MP e a sociedade pela prevenção do suicídio".
A proposta envolve diversas frentes, unindo municípios, órgãos públicos, universidades e organizações não governamentais para promover o debate, sensibilizar a sociedade e fortalecer políticas públicas voltadas à saúde mental. A meta é desenvolver estratégias de cuidado e prevenção em uma rede de apoio nos municípios cearenses, atuando em três áreas principais: capacitações, seminários e campanhas.
No eixo das capacitações, o programa oferece cursos de abordagens adequadas para lidar com pessoas em risco. Atualmente, os treinamentos já alcançaram gestores municipais, profissionais de saúde, psicólogos, professores, agentes de segurança, jornalistas, além de familiares e amigos de pessoas que tentaram ou cometeram suicídio.
“O nosso intuito é disseminar essa metodologia para que outros órgãos municipais e instituições diminuam a carência de assistência, para que esse cuidado seja multiplicado de forma cuidadosa, científica e precisa, trazendo alívio para as pessoas que passam por essa dor e sofrimento”, conta a promotora de Justiça Ana Karine Serra Leopércio, coordenadora do Programa Vidas Preservadas.
O processo para os municípios aderirem ao programa é simples e ocorre virtualmente. Após firmarem termo de adesão com o MPCE, as cidades recebem capacitação da Associação para o Desenvolvimento dos Municípios. Em seguida, devem desenvolver, ao longo de seis meses, um Plano Municipal de Prevenção e Posvenção ao Suicídio. Esse plano inclui a realização de um diagnóstico dos casos no município, com a participação de todas as secretarias municipais.
Atualmente, 115 municípios cearenses já aderiram ao Programa. Considerando a quantidade de habitantes das cidades participantes, cerca de 6 milhões de pessoas foram impactadas direta ou indiretamente ao longo dos anos.
“Queremos que o município que entre no Programa Vidas Preservadas tenha a valorização da vida como algo temático, emblemático dele, que ele possa levantar essa bandeira e adotar ações que melhorem a assistência e se tornem garantia de direito para a população”, diz a promotora.
No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional e ajuda na prevenção ao suicídio. Se você precisar de alguém para conversar, os voluntários estão disponíveis 24 horas por dia pelo telefone 188, online pelo site cvv.org.br/chat, por e-mail em apoioemocional@cvv.org.br, ou presencialmente em Fortaleza, no endereço Rua Ministro Joaquim Bastos, 806 — Bairro de Fátima. O serviço é gratuito.
Seguindo os movimentos que a vida faz, Beatriz Gomes, jornalista, estava em Brasília (DF), e o comerciante Gilberto Gomes em Itapajé (CE) no Dia dos Pais. A distância de mais de 2 mil quilômetros foi encurtada pela homenagem feita por ela nas redes sociais. Beatriz conseguiu expressar tudo o que sentia pelo pai a tempo. Dois dias depois, ele faleceu.
“No domingo, a gente chorou muito junto com a homenagem que eu fiz pra ele. Liguei, conversei com ele. Foi um momento bem especial. Na terça, só eu chorei, porque ele já não estava mais comigo”, relembra.
Após receber a notícia do falecimento do pai, que havia passado por complicações de uma cirurgia, a jovem agiu de modo automático. A ficha só caiu quando chegou à cidade natal e teve de enfrentar o funeral.
Hoje, Beatriz tem usado suas expressões artísticas para superar a dor e aprender a conviver com a ausência. Compartilhar um recorte nas redes sociais do que tem vivido também é uma forma de unir outras pessoas que passaram ou passam pelo mesmo processo.
“A fé que eu tenho em Deus, que todas as coisas acontecem porque ele permite, tem sido alento neste momento. A minha família, muito presente, e uma rede de apoio que se montou em torno do nosso luto também. Eu não tenho sentido que estou sozinha”.
Ela ainda escreve cartas para o pai e continua compondo, fez até uma música em homenagem ao seu querido Bebeto. “O que não me falta é alento, mas a dor ainda é um negócio bem grande. Quase palpável”.
De volta a Brasília, Beatriz desabafa que tem tomado café, almoçado e jantado na presença da tristeza e saudade. Compreender a falta e imaginar o futuro é o mais difícil.
“No meu cérebro, a sensação que eu tenho é que eu ainda não entendi por completo que meu pai não está mais comigo, que eu não posso ligar pra contar para ele que aconteceu alguma coisa, que algo no meu trabalho deu certo, como está a minha casa, o que eu acabei de comprar, o que deu errado. Minha cabeça ainda não entendeu”.
“Constantemente, me pego pensando: como é que vai ser ter os meus filhos? Meu pai não vai ver essas crianças. Como vão ser minhas próximas conquistas? A falta do meu pai me machuca muito nesse sentido das lacunas do futuro, porque como vai ser? Como vou dar conta?”.
Beatriz descreve o pai como uma pessoa muito querida e simples, comerciante bem admirado, “que batalhou muito na vida para conseguir conquistar as coisas”. Entre os dois, a relação era de amizade, admiração, respeito, bem-querer e amor.
“Uma pessoa que eu podia contar para conversar, pedir conselhos, que podia pedir ajuda, mesmo de longe. Sempre enxerguei meu pai como uma árvore muito frondosa, que podia aproveitar da sombra. Minha maior saudade hoje”.
Agora, Beatriz e a família tentam dar prosseguimento aos projetos de vida de Gilberto, como o cuidado com os cães, a casa e o negócio. “É impossível tocar o projeto da mesma forma, mas é possível lutar para manter a honra dele da maneira que ele foi. Então, buscamos fazer as coisas da melhor forma possível”.
Entre as tantas lições que o pai deixou, a jornalista destaca que aprendeu que o amor se demonstra de diversas formas e que “devemos amar até o último minuto, até o último momento”, assim como ele o fez.
Nesta etapa, a pessoa enlutada pode se isolar, evitando aceitar a realidade. O choque com a notícia da morte faz com que ela busque sinais de que houve engano, tentando fugir do confronto com a nova situação e evitando falar sobre o assunto.
Mesmo que o enlutado comece a entender que a morte aconteceu, ele sente uma revolta intensa. A raiva pela interrupção da vida se mistura ao ressentimento e, às vezes, até inveja de quem continua saudável, vivo. Ao sair da negação e encarar a realidade como irreversível, essa raiva costuma se intensificar.
A pessoa entra em fase de negociação, buscando formas de amenizar a dor e tentar mudar a situação. Promessas de transformação no comportamento ou no estilo de vida surgem como uma maneira de lidar com a perda.
A pessoa tende a se isolar, mergulhando no mundo interno e, muitas vezes, se afastando do convívio social. Marcada pela baixa autoestima e pela tristeza profunda, é uma das etapas mais duradouras. Quando essa tristeza se prolonga além do esperado, pode evoluir para um luto patológico, onde o sofrimento se torna excessivo e incapacitante.
Amadurecimento emocional, em que a pessoa enlutada reconhece que a realidade pode ser dolorosa e que a saudade sempre estará presente, mas consegue aceitá-la. O desespero diante da perda e da morte diminui, mesmo que a tristeza permaneça por um longo tempo. Com essa aceitação, a pessoa encontra uma forma de seguir em frente de maneira saudável, convivendo com a perda.
As fases não são lineares e nem todos os enlutados passam por todas as etapas.
*Fonte: Psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross, em sua obra ”Sobre a Morte e o Morrer”.
Mais de 700 mil pessoas morreram no Brasil em decorrência da covid-19. São milhares de amores de alguém, como o da Erika Luiza, professora. Ela perdeu o marido, Nyelsen Wesley, em abril de 2020, no auge da pandemia no país. Passar pelo luto foi ainda mais difícil por não poder, sequer, abrir o caixão para se despedir do amado ou receber um abraço dos familiares.
“Eu fiquei totalmente perdida. Eu não podia mais vê-lo, e abrir o caixão era proibido. Isso dificultou muito no meu luto, porque eu não conseguia acreditar que ele tinha morrido. Passei noites sonhando que ele voltaria ou que alguém me ligava do hospital e me diria que foi engano”, conta.
A partida dele foi dilacerante para mim. Meu mundo acabou naquele dia. Fiquei perdida sem saber o que faria da minha vida. Entrei em desespero. Me vi sozinha no mundo, sem ninguém. Perdi meu parceiro, meu amigo, meu amor. Dói até hoje.
- Erika Luiza, professora -
Sem a mãe, que faleceu dois anos antes, e o marido, Erika resolveu morar temporariamente com a sogra. Quando voltava para casa para cuidar dos animais, conseguia pôr para fora o que estava sentindo. “Sempre quando eu vinha, minha reação era deitar e chorar. Na minha sogra, eu não conseguia”.
Após a perda, a professora foi diagnosticada com ansiedade e depressão. Por um tempo, precisou ser medicada para enfrentar os momentos mais difíceis do luto. “Eu cheguei ao fundo do poço, não comia, não dormia, não tinha vontade de viver. Mas logo comecei a ter acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Precisei da ajuda das medicações e mergulhei no trabalho. Isso me ajudou muito, pois passei a ocupar a minha mente e me distrair”.
De acordo com a psicóloga Ana Patrícia, muitas pessoas seguem no luto desde a pandemia por não ter vivenciado os ritos de passagem tradicionais do processo. Ela destaca que é comum externalizar o sentimento mesmo com o passar do tempo.
“O outro pode descansar em termos físicos, mas ele não precisa descansar em termos emocionais dentro da gente. Precisamos solidificar nossos sentimentos e transmitir em ações aquilo que nos dói. Quando reprimimos falar sobre a morte do outro, estamos criando um tabu e um adoecimento psíquico enorme”.
UMA PESSOA MELHORJunto há mais de 10 anos, o casal nutriu uma relação que equilibrou a paciência de um com a agitação de outro. Após o noivado, em 2016, Nyelsen foi morar com Erika e a mãe dela, que necessitava de cuidados especiais. “Ele dividia esses cuidados comigo. Em 2018, nós a perdemos e, se não tivesse o apoio e a força que ele me deu, eu não teria superado. Nyelsen sempre sabia o que dizer, sempre me fazia ver a vida de outra forma”, relembra.
Os dois se casaram em setembro de 2019, sete meses antes da morte. “Nos casamos em uma cerimônia simples com nossas famílias, mas muito bonita e significativa para a gente. Estávamos tão felizes naquele dia. Ele estava radiante”.
Erika ainda guarda os áudios do marido e os escuta quando precisa. A partida ainda dói, mas “a vida se encarregou de seguir”. Hoje, ela está em outro relacionamento e destaca que o novo parceiro lhe entende e escuta, sem julgamentos.
“O Nyelsen é o grande amor da minha vida e sou eternamente grata a ele e a Deus, por ter permitido que eu tivesse ao meu lado uma pessoa tão boa durante quase 11 anos. Ele me tornou uma pessoa melhor. A sua memória ficará para sempre comigo. Nosso amor jamais será esquecido. Eu sei que lá de cima ele está me ajudando a viver e ser feliz”.
Para algumas pessoas, ao ouvir o nome de uma cidade, a primeira imagem que vem à mente pode ser a de pontos turísticos e atrações locais. Para outras, é o rosto de alguém especial.
A manicure Andréia Fernandes lembra imediatamente da risada contagiante de Candido Neto. Seu riso parecia preencher o ambiente e criar uma sensação de acolhimento e leveza. Os moradores de Quixadá compartilham desse sentimento.
É difícil encontrar alguém que não tenha sido cativado pela personalidade espontânea e generosidade de Candido Neto, um criador de conteúdo digital que faleceu aos 25 anos, vítima de ataque cardíaco.
O luto é um processo emocional que persiste em Andréia. Diariamente, em momentos inesperados, surgem lembranças que a fazem reviver a dor da perda.
“É muito difícil viver sem o Candido. Ele era tudo para mim, meu melhor amigo, meu irmão, um filho que Deus me deu. Falar sobre o Candido é falar sobre a saudade. O luto é muito cruel, massacra, chega a ser uma dor física. Tivemos uma amizade sincera. Ele era fiel. Ele foi tudo na minha vida. É muito difícil viver sem ele”.
“Todos os dias, peço a Deus para me acostumar com essa dor. Sei que um dia vou conseguir”.
- Andréia Fernandes -
Há um ano, a saudade mora com ela. “Ainda não sei lidar. Não vou mentir. É como se a minha alegria fosse triste. É como se estivesse faltando ele. Quando completou um ano da morte, falei para a minha irmã que não ia aguentar e que precisava da ajuda de um psiquiatra. Hoje, tomo medicamento e estou bem, graças a Deus”.
Embora Candido esteja sempre presente na memória, a manicure encontrou uma forma de eternizar o sentimento. “Tatuei o ano em que ele veio ao mundo: 1997. Essa tatuagem representa tudo para mim: o amor que a gente sentia um pelo outro, a amizade, a lealdade. É uma forma de tê-lo marcado para sempre na minha vida”.
Os ensinamentos deixados ajudam a tornar a vida sem ele menos sofrida. “Ele me ensinou a viver intensamente. Um dia, ele me falou que o principal da vida era a nossa felicidade. Agradeço muito a Deus por ter vivido esse tempo com ele. Foram os melhores anos da minha vida”.
Para a psicóloga Ana Patrícia, a perda de um amigo deixa um vazio significativo na vida de alguém, e o processo de luto pode exigir suporte emocional.
"Algumas pessoas podem se perguntar: 'como alguém pode sofrer tanto pela morte de um amigo?' Mas não é você quem vai definir o que o outro está sentindo. Cada um sabe o significado que a pessoa tinha em sua vida. O luto está ligado ao papel que o falecido desempenhava na vida do enlutado, à história e relação de afeto que eles construíram. O luto é subjetivo. Todo luto deve ser respeitado e não existe um tempo certo para sair do luto".
Um dos desejos de Candido Neto era reformar a casa da mãe, Ana Lúcia, carinhosamente apelidada de Aninha. Em vida, prometeu que daria um lar confortável para ela. Infelizmente, os planos foram interrompidos em junho de 2023.
Os amigos, então, se uniram e arrecadaram recursos para honrar o último desejo dele e construir uma moradia para a mãe enlutada. “A obra começou quando Candido ainda estava internado. "Inicialmente, iríamos reformar apenas o quarto dele, mas ele faleceu antes de voltar para casa”, explica a amiga Andréia.
Poucos dias após a morte do blogueiro, a corrente de solidariedade mobilizou moradores e empresários de Quixadá. Com frequência, chegavam doações em dinheiro e materiais de construção, enquanto os trabalhadores ofereciam mão de obra voluntária.
“Não consigo nomear todas as pessoas que pessoas ajudaram. Teve gente que doou cimento, piso, fez Pix, trabalhou sem cobrar, deu desconto em produtos”, lista Andréia.
E a casa ficou linda. O novo lar mantém a memória de Candido. Tijolo a tijolo, a estrutura e os detalhes reforçam o amor que os amigos sentiam pelo jovem. Sua presença calorosa continua viva.
“Essa casa é o sonho realizado do meu filho. Eu vou ser sincera: se os amigos dele não tivessem reconstruído e tivessem deixado do jeitinho que era, eu não teria conseguido voltar para cá. Quero agradecer a cada um. Meu filho conquistou muitas pessoas boas que continuam comigo”, agradece a mãe.
Assim como a casa foi erguida, Ana Lúcia e Andréia construíram um forte laço familiar. Ao enfrentarem o luto pela morte do jovem, Andréia e Ana Lúcia encontraram uma rede de apoio uma na outra e tiveram as vidas transformadas pela conexão. Desde então, direcionaram o amor que sentiam por Candido para a nova amizade.
Se consideram mãe e filha. Não de sangue, mas de um vínculo socioafetivo profundo e verdadeiro. Elas acreditam que Candido, de alguma forma, providenciou esse encontro.
Em uma semana, a vida da empresária Ângela Rocha se transformou. 25 de abril está marcado não apenas como a data do seu aniversário e da filha mais velha, Beatriz, mas também como o dia em que perdeu a filha caçula, Gabrielle da Silva Rocha, de apenas 5 anos. Três dias separam o diagnóstico do câncer e a morte de Gabi, como era carinhosamente chamada.
Ângela, que atualmente mora no Ceará, começou a estranhar o comportamento da filha, que chorava muito à noite, mas negava sentir algo. Para os médicos, tratava-se de uma crise de ansiedade. Acreditando nisso, a empresária resolveu fazer uma viagem em família, sem saber que aquele fim de semana de 2023 seria um dos últimos momentos com a filha.
“Teve um dia que ela quis descer num escorrega de lona com água. Ela falou: ‘mamãe, vem também’. E eu: ‘não, vai brincar com o papai’. E aí, eu senti no meu coração, como se eu ouvisse uma voz dizendo ‘vai’, e fui. Pedi para uma moça filmar e desci o escorrega de roupa mesmo. Às vezes, a gente deixa de fazer coisas bobas com os nossos filhos, mas hoje não deixo mais passar momentos simples. Mesmo cansada, eu fui e hoje tenho esse registro. A gente não sabe se pode ser o último”.
Após a viagem, Ângela começou uma maratona de idas ao médico para descobrir o que a filha tinha. “A gente perguntava o que ela sentia, e ela não falava nada, só chorava. Eu acho que ela tinha medo. Certo dia, ela falou que sentiu uma ‘gotinha’ de dor no pescoço”.
Segundo Ângela, o câncer só foi descoberto depois de Gabi perder os movimentos das pernas. Na saída para o hospital, a filha se despediu da irmã: “'Bia, você sabe que eu te amo? Você é muito importante. Eu te amo muito'. Elas se abraçaram, e minha filha mais velha falou: 'ela vai ficar bem, mas não volta pra casa'”, conta emocionada.
Gabi chegou ao hospital já em estado grave. Ângela e o marido, Michel da Silva, receberam a notícia de um câncer agressivo. “Nesse desespero todo, eu entrei no quarto e ela falou assim. 'papai, você pode me pegar no colo?' Ele a pegou no colo, a abraçou e colocou ela de volta na maca. O olhinho foi virando e eu comecei a gritar chamando os médicos. Levaram ela para outra sala. Naquele momento, ela estava partindo”.
Ângela lembra a angústia que sentiu antes da partida da filha. “Naquele dia 25 de abril, eu estava muito estranha, sentindo uma angústia, algo apertando o peito, mas cheguei perto da maca, e todo aquele sentimento horrível passou. Foi instantâneo. Deus me preparou para receber aquela notícia”.
A notícia era a de que os médicos teriam que desligar os aparelhos. Apesar da dor, a reação da mãe foi agradecer. “Impressionante, eu só balancei a cabeça e falei: 'obrigada, meu Deus, porque me deixou cinco anos convivendo com ela, sendo feliz com ela'. A única coisa que eu tive pra fazer foi agradecer. Nada mais”.
“Em todo momento, eu pedi a Deus que fosse feita a vontade Dele e que ela não sofresse, porque ela não merecia sofrer. Ela não merecia ficar em uma cama vegetando, vendo o mundo passar, por tudo de bom que ela fez e ensinou”.
- Ângela, mãe da Gabi -
Para a empresária, o apoio que recebeu da família, dos amigos e até de desconhecidos foi essencial para enfrentar o luto. A corrente de oração formada no hospital continuou mesmo após o falecimento da filha.
“Muitos foram à igreja. Várias religiões diferentes, mas todos clamando por ela e nossa família. Isso nos ajudou muito. Eu vi o quanto foi importante Deus ter deixado ela conosco durante mais três dias para que tantas pessoas se movessem em um propósito. Foram os piores dias da minha vida, mas foi um momento em que muitas pessoas se encontraram em Deus, se encontraram na Palavra. Foi um momento de muita reflexão”, conclui.
À família, coube a decisão unânime de que Gabi partisse com a fantasia preferida: a de Branca de Neve. Assim foi feito.
“Uma das coisas que eu falo até hoje é que, às vezes, a gente está cansado, vê a casa toda bagunçada de crianças, com brinquedos pela casa, parede rabiscada… e, quando você não tem isso, você percebe a falta que faz. Como eu queria aquela bagunça”.
- Ângela, mãe da Gabi -
Ainda no hospital, os pais prometeram atender a um desejo de Gabi: ajudar o próximo. Antes de qualquer refeição, ela sempre orava pelas pessoas em situação de rua. Foi assim que surgiu o Projeto Social Gabi (Generosidade, Amor, Bondade e Igualdade). A iniciativa, que teve início no Rio de Janeiro, distribui comida a pessoas nas ruas. Os planos são ampliar as ações e também ajudar crianças com autismo e suas famílias, no Ceará.
“O projeto foi a maior fonte de força para lidar com o luto. Em nenhum momento, eu questionei a Deus o porquê daquilo estar acontecendo comigo, com a minha família, mas o para quê. Em 25 de maio, exatamente um mês depois, nós fizemos a nossa primeira ação de rua. Foi um dos dias mais marcantes da minha vida. Cada pessoa tem uma maneira diferente de lidar com a dor, e a minha foi tentar fazer algo pelo próximo. Tenho certeza que ela fica muito feliz de saber que nós realizamos a vontade dela”.
Transformar o luto em ações de solidariedade é uma forma de sobrevivência, conforme pontua a psicóloga Ana Patrícia. “É quando você transforma o luto em significado. Você agora tem um propósito para poder levar alento e força para outras pessoas e se sentir forte através delas”.
Ângela considera que fez um caminho diferente do comum para lidar com o luto. Ela ainda sofre pela perda da filha, mas afirma nunca ter sentido raiva, descrença ou se isolado.
“Eu queria sempre a casa cheia de gente para me sentir acolhida. Acho que o primeiro sentimento foi a aceitação. Tentava o tempo todo colocar na minha cabeça que fazia parte de um propósito e que Deus teve muita misericórdia. Ela não merecia sofrer. Tem momentos que eu me permito chorar e sofrer, mas não deixo tomar conta de mim”.
“O tempo passa muito rápido. Não sabemos o dia de amanhã. Procuro sempre ler e ver filmes que edifiquem a minha fé. Minha filha é um anjo e foi salva por Ele. Eu estou lutando todos os dias para que Ele me permita estar junto também”.
Para aqueles que possuem fé, o processo de luto é influenciado pelas diversas interpretações religiosas sobre a morte. Em algumas doutrinas, a morte é vista como um fenômeno natural que separa o espírito do corpo; em outras, é entendida como uma passagem para a vida eterna. De qualquer forma, é inegável que a fé em algo superior pode oferecer consolo aos enlutados.
“A oração, a experiência de fé e a esperança na vida ajudam na superação do luto, pela consciência de não estar sozinho e por crer que há uma vida após a morte em que viveremos juntos, em Deus”, explica o padre Rafhael Silva Maciel, pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida no bairro Montese, em Fortaleza, e professor na Faculdade Católica.
Em algumas situações, pode-se buscar ajuda de um sacerdote ou diretor escritural para ajudar a superar o luto. “Outras ações que ajudam são as obras de caridade, inclusive dos bens do ente falecido, como roupas e objetos”.
Os ritos comuns da Igreja Católica, após a morte, são encomendações dos corpos dos fiéis falecidos, “como sinal da nossa fé na ressurreição do Senhor e na futura ressurreição dos mortos”. Segundo o padre, a assistência espiritual e de outros fiéis nesses momentos colabora para confortar as pessoas enlutadas.
Já na perspectiva espírita, a morte é encarada como uma passagem, o fim de uma existência material, conforme explica a palestrante espírita Pêra Capelo. “Terminamos o que viemos fazer aqui no mundo material e retornamos para o mundo espiritual, que é o mundo primitivo, é de onde nós viemos e nossa casa verdadeira”.
Pêra ressalta que o espiritismo não é uma religião. Portanto, não possui rituais após a morte, como no catolicismo. Na doutrina, é entendido que o espírito se desprende do corpo e segue sua caminhada. E para os entes que ficam neste plano, a saudade pode ser potencializada pela incerteza da vida futura.
“O luto faz parte. É como se a gente potencializasse a dor daquele que parte, porque não temos a certeza absoluta da vida futura. Apesar de Jesus ter vindo e provado que ele mesmo sobreviveu à morte, nós ainda carregamos essa inquietude, essa dúvida. Será que existe mesmo o mundo espiritual? Mas o conhecimento nos liberta da ignorância, acalma e consola”.
Ainda de acordo com a palestrante, só é possível superar o luto encarando o medo e ajudando o próximo. “Uma das grandes contribuições da doutrina espírita para a humanidade é combater o orgulho e o egoísmo, nos apresentando o outro cheio de necessidades, dores, sofrimentos, angústias. Então, quando a gente imagina que alguém pode ter uma dor muito maior que a nossa, começamos a ter coragem para enfrentar a nossa própria dor”.
O amparo de familiares e amigos próximos é essencial nesse processo. Embora muitos hesitem por não saber como agir ou o que dizer, muitas vezes o silêncio atento, a escuta sem julgamentos e a oferta de um espaço seguro para a pessoa expressar seus sentimentos são mais valiosos do que qualquer palavra.
“Dê tempo ao tempo”. O luto é uma experiência única para cada pessoa; em alguns casos, surgem lágrimas, em outros, raiva ou culpa. Tudo isso faz parte do processo. O mais importante é estar presente, sem comparar, minimizar ou apressar a dor.
Tentar impedir que a pessoa enlutada sofra pode ser mais prejudicial do que permitir que ela vivencie todo o processo de conformação com a perda. “Sempre que alguém estiver precisando ser escutado, escute. As pessoas precisam falar sobre quem partiu, pois isso faz parte do próprio luto”, reforça a psicóloga Ana Patrícia.
Para apoiar alguém em luto, o essencial é não se afastar, mesmo que a pessoa tente se isolar. Após a perda, a rotina da vida muda, e é necessário que essa jornada de autodescoberta seja enfrentada ao lado de uma rede de apoio.
Para além de um ombro amigo, ajudar com tarefas diárias, como preparar refeições ou cuidar da casa, e incentivar que a pessoa saia de casa, sempre mantendo o diálogo aberto e respeitoso conforme ela se sinta confortável, pode auxiliar no processo.
Além disso, em situações em que o luto vai além da tristeza comum e coloca em risco a saúde ou a vida, o acompanhamento psicológico é a melhor via para prevenir complicações graves e promover a recuperação.
Confira locais que oferecem sessões de terapia gratuitas em Fortaleza:
Rua Waldery Uchôa, 3A - Benfica
(85) 3366-7690
Av. Desembargador Moreira, 2120, 1 andar – Dionísio Torres (85) 99401-5648 | (85) 3468-2500
Rua Eliseu Uchôa Becco, 600 - Patriolino Ribeiro (85) 3270-6798
Rua Pastor Samuel Munguba, 1290 - Rodolfo Teófilo
(85) 98400-5672 | contato.pravida@gmail.com
Rua Maramaldo Campelo, 50 - Edson Queiroz (ao lado do Fórum Clóvis Beviláqua)
(85) 99210-2924 | (85) 3477-3644
Av. Barão de Studart, 2360 - Sala 1106 - Aldeota
(85) 3264-2992 | (85) 99842-0403
Centro de Humanidades da UECE
Avenida Doutor Silas Munguba, 1700 - Itaperi
(85) 3101-9981 | spa.uece@uece.br
R. Liberato Barroso, 1503 - Centro
(85) 3206 6433
Taxa de R$ 10,00
CAPS Geral Dr. Nilson de Moura Fé - Regional II R. Pinto Madeira, 1550 - Aldeota
(85) 3105-2632
Av. Borges de Melo, 201 - Jardim América
(85) 3131-1690
R. Bom Jesus, 940 - Bom Jardim
(85) 3245-7956
R. Alberto Leal Nunes, 75 - Cid. dos Funcionários
(85) 3105-1510
R. Soares Bulcão, 1494 - Monte Castelo
(85) 3452-1960
Rua Carlota Rodrigues, 89 - Messejana
(85) 3488-3312
R. Pastor Samuel Mungunba, 1269 - Rodolfo Teófilo
(85) 3433-2568 | (85) 3105-3451
R. Porfírio Sampaio, 1905 - Rodolfo Teófilo
(85) 3105-3721
Reportagem: Fayher Lima, Vitória Barbosa e Giovanni Scomparin
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Publicado em 29 de outubro de 2024