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por Wanderley Filho - 04/08/2024 às 12:43
Vocês viram que, durante esses dois últimos finais de semana, os partidos políticos realizaram convenções para lançarem candidaturas. O roteiro é conhecido. Ambientes lotados, clima de festa, candidatos e vices sorridentes, acenos e discursos.
As atenções aumentam quando lideranças populistas, como Lula e Bolsonaro, se apresentam ao público, invariavelmente em performances que lembram um antigo comercial de videocassetes, quando um contrabandista paraguaio dizia: “la garantia soy yo” (tem o vídeo na Internet). Aliás, Lula e Bolsonaro, as duas faces do atual personalismo brasileiro, devem aparecer bastante em Fortaleza, onde seus candidatos são menos conhecidos pelo eleitorado.
Por essas e outras estou convencido de que as convenções partidárias não convencem a ninguém. Ora, quem acredita que estejam ali reunidos, cheios de amor, políticos e convencionais inundados de convicções altruístas e imunes às tentações dos cargos e verbas em disputa?
Na teoria, uma convenção deveria demonstrar vigor partidário, com filiados definindo, democraticamente, os representantes do conjunto de valores que os une. Na prática, porém, o partidarismo brasileiro é uma bagunça, com – pelo menos – 30 agremiações que, na maioria, servem a projetos de poder pessoais. O chefe manda, aponta o candidato, e o resto finge que o escolhe espontaneamente.
Resumindo, as convenções são encenações que não convencem, a não ser quem se deixar ser convencido, seja por paixão (tem gente pra tudo), seja de olho num carguinho lá na frente. É como dizia Brás Cubas, de Machado de Assis, entre o fim do Império e o início da nossa República: “Quem não sabe que ao pé de cada bandeira grande, pública, ostensiva, há muitas vezes outras bandeiras modestamente particulares, que se hasteiam e flutuam à sombra daquela, e não poucas vezes lhe sobrevivem?”
▫️Wanderley Filho é colunista de política da Jangadeiro BandNews FM 101.7.
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