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por Joaquim Cartaxo - 07/04/2025 às 08:22
➡ Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Jangadeiro.
Em um mundo globalizado e interconectado digitalmente, onde as fronteiras entre local e global, passado e presente, tradicional e inovador se apresentam sempre mais híbridas, os encadeamentos teóricos e filosóficos do termo “contemporâneo” fazem o seu uso complexo e contraditório.
Aplicar este conceito para descrever movimentos ou fenômenos culturais em constante evolução e manifestações variadas em todo o planeta não é um empreendimento simples. A dificuldade origina-se das várias facetas da contemporaneidade, moldada por elementos como o tempo, a história, a cultura e as artes em distintos contextos socioeconômicos e históricos.
Consensos acadêmicos defendem que a arte moderna refere-se ao período entre o final do século XIX e meados do século XX, enquanto a contemporânea abrange um intervalo temporal mais recente e indefinido. Entretanto, não há consenso sobre o ponto de corte, a fronteira que delimita os dois períodos é nebulosa.
A diversidade de abordagens, formas e preocupações estéticas da arte contemporânea amplia as dificuldades para se definir o significado de contemporâneo. Outro desafio são as múltiplas temporalidades coexistentes no mundo contemporâneo, nas quais se constitui um cenário com diversas formas de expressão, intensamente conectadas a tradições locais ou a tendências globais.
Movimentos e fenômenos contemporâneos surgem em diferentes locais e em momentos específicos. O que é contemporâneo em uma sociedade não o é em outra, e práticas culturais podem ser consideradas obsoletas ou tradicionais em um local e vividas como parte integrante da contemporaneidade em outro. Eis a relatividade do termo “contemporâneo”, que depende do ponto de vista do observador.
Longe de ser uma categoria universal, o contemporâneo contempla arte e cultura vividas no tempo percebido subjetivamente, sob as circunstâncias históricas e culturais próprias de cada localidade.
▪️ Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista e diretor superintendente do Sebrae/CE.
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