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Analfabetismo entre quilombolas é quase 3 vezes maior que a média do Brasil, aponta IBGE

por Alessandro Fernandes - 19/07/2024 às 20:50

Foto: Divulgação

A taxa de analfabetismo entre a população quilombola é 2,7 vezes maior que a média do Brasil. Enquanto em todo o país o índice é 7%, na população quilombola, esse índice chega a 18,99%. O número representa 192,7 mil pessoas com 15 anos ou mais de idade que não sabem ler e escrever.

A revelação faz parte de um suplemento do Censo 2022, o primeiro a coletar informações específicas da população quilombola, descendentes de comunidades que resistiam à escravização. Divulgado nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o levantamento mostrou que o país tem 1,330 milhão de pessoas quilombolas, sendo 1,015 milhão com 15 anos ou mais de idade.

A análise dos dados revela que, assim como acontece com o conjunto da população brasileira, entre os quilombolas o analfabetismo é crescente a partir da faixa etária de 18 e 19 anos. Entre esse grupo, o índice é de 2,91%. Entre 50 e 54 anos, a taxa chega a 28,04%. Já entre os com 65 anos ou mais alcança 53,93%.

Na avaliação da coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, Marta Antunes, a taxa de alfabetização funciona como um indicador de resultado dos investimentos na educação básica e de jovens e adultos (EJA) nas últimas décadas. Marta observa que a taxa mostra como os investimentos se traduzem no processo de alfabetização ou não da população.

“Há uma distância entre a população quilombola e a população residente no país em relação às oportunidades educacionais das últimas décadas em relação aos investimentos em acesso à educação”, diz a pesquisadora.

De acordo com Marta Antunes, a pequena diferença detona que o analfabetismo das pessoas quilombolas não é tão marcado pela localização dos domicílios, “e sim pela sua etnicidade, a forma como elas têm tido acesso a processos educacionais, ou seja, estar dentro ou fora dos territórios não é o grande marco diferenciador do acesso a oportunidades educacionais”.

De toda a população quilombola, apenas 12,61% (167.769 pessoas) vivem em territórios oficialmente reconhecidos.

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