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Afastamentos do trabalho disparam em 10 anos devido a ansiedade e depressão

por Aline Neri - 12/03/2025 às 13:30

Em 2014, cerca de 203 mil brasileiros foram afastados do trabalho devido a questões de saúde mental, como transtornos de ansiedade, depressão e reações a estresse grave. Dez anos depois, em 2024, esse número mais do que dobrou, ultrapassando os 440 mil afastamentos – um recorde na série histórica.

O aumento em relação a 2023 foi de impressionantes 67%, segundo dados do Ministério da Previdência Social.

CAUSAS

Os transtornos de ansiedade lideram as causas de afastamento, com 141.414 casos registrados em 2024. Em seguida, vem os episódios depressivos (113.604), transtorno depressivo recorrente (52.627) e transtorno afetivo bipolar (51.314). Além disso, há o impacto das substâncias psicoativas: 21.498 casos estão relacionados ao uso de drogas, álcool e cocaína.

Comparado a 2014, os afastamentos por transtornos de ansiedade aumentaram mais de 400%, e os episódios depressivos quase dobraram.

CRISE

O aumento desses casos é interpretado por especialistas como reflexo de uma crise de saúde mental crescente no Brasil. Para o professor de Psicologia da Universidade Federal da Bahia, Antonio Virgílio Bittencourt Bastos, a sociedade brasileira vive um momento de grandes mudanças que afetam diretamente o bem-estar emocional da população.

“A crise de saúde mental extrapola o mundo do trabalho. Vivemos as sequelas da pandemia e as consequências de mudanças sociais e tecnológicas profundas. A sociedade global está mais insegura e incerta, o que gera grande sofrimento psíquico”, explica Bastos.

Ele aponta que o avanço tecnológico e a precarização das relações profissionais também contribuem para esse quadro. “A revolução tecnológica e modelos de gestão arcaicos criam um ambiente de trabalho mais tenso, com vínculos fragilizados e maior incidência de conflitos”.

Para Bastos, é urgente que o Estado e as organizações invistam em soluções estruturais e de longo prazo para enfrentar a crise de saúde mental.
“Há programas paliativos que lidam apenas com os sintomas do problema, mas é necessário mexer na raiz: a forma como o trabalho está organizado e as relações de poder e gestão dentro das empresas”, defende.

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