Por Ricardo Moura

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Jangadeiro.

O delegado federal Roberto Sá pode ser uma peça decisiva que irá demarcar uma mudança no Governo Elmano em relação a seu antecessor. O novo secretário traz como bagagem duas experiências no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.

No Rio de Janeiro, substituiu o delegado federal José Mariano Beltrame, que foi secretário por quase 10 anos. Roberto Sá esteve à frente da pasta entre 2016 e 2018. Sua gestão foi interrompida pelo decreto de intervenção federal na segurança pública do Estado, no Governo Temer.
No Espírito Santo, sua passagem foi marcada por uma redução de 11% no número de homicídios em 2019, chegando ao patamar mais baixo desde 1996. Contudo, os assassinatos voltaram a subir na pandemia e ele foi demitido. Vale ressaltar que os índices subiram em todo o país, inclusive no Ceará.

Trata-se de um currículo expressivo, um item que pode auxiliar e muito na reversão dos índices de criminalidade do Estado. No último domingo, por exemplo, 18 assassinatos foram registrados no Ceará, incluindo aí a execução de um sargento PM.

No entanto, neste primeiro momento é preciso conhecer o terreno e entender as especificidades do crime no Ceará. Essa é uma dificuldade quando se escolhe um delegado federal e não um profissional da Polícia Civil.

Os policiais “de casa” dispõem de maior domínio sobre o funcionamento das dinâmicas criminais locais, estando mais próximos do cotidiano da população, que se vê assustada diante da escalada da violência letal.

Fica a torcida para que o cenário mude, embora o calendário político não ajude. As eleições municipais eliminam qualquer possibilidade de paciência e de debate mais lúcido sobre Segurança Pública.

Ricardo Moura é jornalista e sociólogo. Editor do Blog Escrivaninha (@blogescrivaninha), especializado em Segurança Pública.